Por Anderson Araújo
Sinto-me envergonhado como cidadão brasileiro, apesar de perceber as inúmeras qualidades e características nobres, belas e peculiares ao povo brasileiro, tais como generosidade, alegria e criatividade (que inclui a arte e os esportes em geral); sem falar na capacidade que o brasileiro e a brasileira têm de se esforçar para superar a miséria (na mesa, na saúde e na educação).
Poderíamos enumerar grandes exemplos de superação, HONESTIDADE e generosidade. Mas como brasileiro, professor e, pensador, gostaria de expressar a minha indignação e revolta em relação ao famoso "jeitinho brasileiro". Quero deixar claro que não tenho um olhar ingênuo e romântico em relação a outros países, sobretudo da Europa. Há corrupção, mentira e crimes em todos os lugares do mundo! Mas há algo em nossa cultura que sempre é visto com um sorriso "malandro" por parte de muitas pessoas, o jeitinho de fazer o que não pode, o jeitinho de burlar a lei, de enganar o outro e de furar a fila, por exemplo.
A mãe de CARÁTER nobre ensina ao filho: "Devolva ao outro o que não é seu". Mas a cultura da ESPERTEZA diz que você deve acumular e ganhar sem ter trabalhado ou aproveitar da ingenuidade do outro. A fala da mãe de CARÁTER nobre é vista por muitos como "boba" e "ingênua".
E então vêm os políticos e a corrupção. Denúncias de fraudes, "lavagem de dinheiro", "laranjas", "Caixa 2" aumento desmedido e SEM MÉRITOS dos próprios salários etc. Crescem as filas nos hospitais e o descaso com médicos e, professores. As crianças crescem com a imagem corrupta dos políticos e, pior, com a imagem da IMPUNIDADE. Os maus exemplos ganham espaço nos meios de comunicação. É verdade, cresceram também as denúncias. Mas pouco vimos ou quase não vimos um político ou outro cidadão SUSPEITO ou ACUSADO de fraude e de corrupção ser punido.
Vemos vídeos, ouvimos ligações telefônicas como provas de que houve corrupção e, em outras palavras, vimos os CRIMES serem cometidos. Mas vimos e ouvimos também os CRIMINOSOS desmentirem e rirem na frente das câmeras e dormirem em paz, em casa, e não na prisão, lugar de criminosos.
Por que podemos caracterizar este JEITINHO como BRASILEIRO? Para responder a esta questão, recorro a uma das inúmeras frases e ideias do pensador e músico Tico Santa Cruz, que vem protestando com frequência nos shows, caminhadas e redes sociais contra este jeitinho: "Lembrem-se disso: corrupção existe em todo lugar do mundo! Impunidade é coisa nossa!". Se o Brasil é o país dos maus exemplos é porque os maus exemplos não são punidos.
Contra o jeitinho brasileiro: leis que sejam executadas e respeitadas. Os cidadãos, ladrões de galinha ou dos cofres públicos devem ser punidos de modo exemplar. Este modo deve ter como principal objetivo mostrar aos outros que determinadas ações não são nem permitidas, nem engraçadas. Privação da liberdade? Pena de morte? Prisão perpétua? São modos que merecem debates e um julgamento de toda a população brasileira.
Independente da ação dos nossos governantes e das nossas autoridades, é necessário encontrar meios de proliferar os bons exemplos, de emancipar o olhar da criança e do adolescente e principalmente dos pais e educadores em geral. Educador não é apenas o professor, mas também o pai, o político, o faxineiro, o músico, o ator e o jogador de futebol. Educador é todo aquele que influencia a vida das crianças. Se você tem este poder e deseja mudar o jeitinho brasileiro, dê o seu recado e o seu exemplo. Que as ações contra o desagradável e criminoso "jeitinho" sirvam para promover a paz, a harmonia e a não-violência.
Independente da ação dos nossos governantes e das nossas autoridades, é necessário encontrar meios de proliferar os bons exemplos, de emancipar o olhar da criança e do adolescente e principalmente dos pais e educadores em geral. Educador não é apenas o professor, mas também o pai, o político, o faxineiro, o músico, o ator e o jogador de futebol. Educador é todo aquele que influencia a vida das crianças. Se você tem este poder e deseja mudar o jeitinho brasileiro, dê o seu recado e o seu exemplo. Que as ações contra o desagradável e criminoso "jeitinho" sirvam para promover a paz, a harmonia e a não-violência.
4 comentários:
O problema das gerações atuais é q elas se habituaram a comer avidamente ideias prontas.E não aprendem a pensar por si próprias.
Boa tarde,
Muito bela a reflexão, pra mudar esse "jeitinho brasileiro" tem que haver uma manifestação social inteligente, coisa que pouca gente se interessa, pela maioria ser conformado e acomodado. Vemos nos principais noticiários todos os dias, notícias de políticos corruptos, desavenças, etc, mais que um bom trabalho executado, um novo projeto, uma inovação.. que seja.
Os bons estão no anonimato enquanto os corruptos são punidos (isso quando são), prisão domiciliar (casa, comida, roupa lavada, sexo, SEGURANÇA).
Infelizmente o cara que rouba uma galinha, o cara que rouba uma mortadela no supermercado é punido sem nenhuma sensibilidade, enquanto outros ricos, políticos roubam milhões, praticam crimes absurdos e são beneficiados pela impunidade de nosso país.
Ir pra frente? Dessa forma? Não vamos, essa geração corrupta já está se multiplicando desde muito tempo, quando um sair já terá outro pra acobertar toda a falcatrua e muitos anos depois haverá um que está sendo beneficiado agora, ganhando um bom salário, ganhando um curso superior e muita preparação para suportar as cobranças da sociedade.
O mundo, vamos mudar começando pela nossa mentalidade.
Caro Braian, muito obrigado pelo retorno sobre o texto. Seu comentário é bastante lúcido. Também acredito que a principal coisa a se fazer é começar a trabalhar a nossa mente, a nossa consciência, educar-se. O sentimento de impunidade desanima as pessoas honestas. Precisamos de leis que punam exemplarmente crimes como a corrupção. Mas precisamos também de uma educação que melhore o cidadão, que lhe dê condições de ter cuidado de si e do outro independentemente das formas de punição. Valeu!
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