quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Nós não estamos prontos

Por Anderson Araújo
É difícil definir exatamente o que estamos sentindo numa época que ocorrem mudanças tão rápidas! Não dá tempo para sentir o presente, nem a dor, nem a alegria. O mesmo telejornal que anuncia a morte de alguém, também anuncia em instantes, o nascimento e a vida. O mesmo programa que incentiva as pessoas a praticarem esportes, também incentiva o consumismo. Já notaram a quantidade de programas relacionados à culinária? Somos pressionados: a comer, a consumir, a correr, a economizar e, a amar. 

Notem que somos "pressionados", intimidados a seguir o "rebanho", ou se quiserem, a "massa". Celulares e carros descartáveis. Precisamos estudar, fazer concursos, bater recordes, superar metas e também amar. Uma sociedade que incentiva o consumo não nos ensina a amar, não nos ensina a sermos "inteiros". Nesta sociedade de revistas eletrônicas somos apenas marionetes, jogados aqui e ali para comprar!

Se nós, adultos, temos "pouco" tempo ou poucas condições de refletirmos sobre tudo o que está ocorrendo, como uma criança poderá, sozinha, pensar sobre as armadilhas da TV, da internet e das redes sociais? Muitos pais estão abandonando seus filhos em casa, "seguros", diante da TV e dos computadores. Não há pessoa alguma ao lado delas para dizer que a propaganda é enganosa, não há ninguém perto delas para dizer que você não vai ficar tão bonita quanto aquela atriz se você usar aquele produto. É o pai, a mãe, ou o "cuidador" que vai situar a criança na vida "como ela é". 

E a "vida como ela é" exige esforço, treino, dedicação, trabalho e transpiração caso você queira comprar coisas, emagrecer, ganhar massa, formar-se e ter uma profissão. A vida é dor e alegria, nascimento e morte. Não somos personagens de desenhos animados: nós nos machucamos quando caímos. Sentimos tristeza. Sofremos com a morte dos outros, sofremos com a dor dos outros ao nosso redor. A dor provoca tristeza, mas é um sentimento que nos aproxima de nós mesmos e daqueles que realmente são significativos em nossas vidas. É importante SENTIR. 

Quantos lutos não vividos, não sentidos... 

Nesta obrigação de sermos felizes a todo custo vamos distanciando-nos de nós mesmos, dos nossos amigos, dos nossos pais e dos nossos filhos. A felicidade que as revistas e os programas de TV mostram é uma felicidade "instantânea", "imediata". O que nos ensinam é que há apenas um modelo de felicidade. E, ao seguir este modelo, você deve consumir. Mas não existe apenas um meio de ser feliz ou um caminho para a felicidade. A sua felicidade deve ser construída, inventada por você. Não há receita, não há modelo. Assim, para uma pessoa a felicidade pode consistir em diversos projetos de vida. Enquanto para outra não é necessário um projeto de vida, mas apenas viver o presente. 

José pode ser feliz cuidando da terra, plantando, colhendo ou capinando um lote. Maria pode ser feliz cozinhando para uma família ou para seus filhos. João encontra a sua felicidade jogando bola com os seus amigos. Luiz se realiza cuidando da segurança da sua cidade. Caetano se sente feliz compondo e cantando. Neste sentido, a felicidade de algumas pessoas consiste em contribuir para a felicidade dos outros, ou não. O mais importante é perceber que cada pessoa é livre para encontrar o seu caminho, para encontrar a sua felicidade, seja na TV, no futebol, na empresa ou na escola. E que se é livre mesmo quando escolhemos trilhar os caminhos que os outros fizeram para nós. 

Por isso o maior desafio para todos é, antes de educar o outro, educar-se. Educar-se significa também estar preparado para perceber que não estamos "prontos". Estamos "em construção" constante. Não somos perfeitos. Somos suscetíveis e influenciáveis. Daí a necessidade de abrir a mente para outras perspectivas, para novas leituras, viagens e conhecimentos. Se estamos "em construção", estamos aprendendo a amar também. Sentimos raiva, dor, amor, alegria e tristeza. Decepcionamo-nos e decepcionamos os outros. Mas podemos nos tornar pessoas melhores. Conscientizar-se disso pode tornar a construção mais forte. Saber disso pode nos ajudar a perceber as pressões externas e a fugir delas. Conscientizar-se disso pode nos ensinar a amar. 

É neste processo de formação de si mesmo que o pai, a mãe e o educador vão se tornar "preparados" para educar. O carinho, o amor e a presença dos pais tornam-se mais importantes do que o presente. Tomar sorvete na praça é mais barato. Além disso, na praça você está mais presente do que no shopping. Assistir ao pôr-do-sol leva você para dentro de si mesmo. Ir ao shopping pode ser divertido mas leva você para fora de si mesmo. Consumir "doses" de felicidade custa caro, enquanto não é necessário pagar para amar.




11 comentários:

Anônimo disse...

Anderson, passei em seu blog para procurar algumas coisas para meu trabalho de sociologia resolvi ler este texto, enfim simplesmente eu concordo com você a felicidade está nas coisas mais simples da vida, parabéns seu blog é fantástico.
Abraço, Nataly!

Anderson disse...

Nataly, obrigado pela visita e pelo comentário!

Nathalia Almeida Fonseca disse...

Nossa muito interessante,
tambem acho que nao estamos preparados pra muitas coisas da vida,
o tempo passa muito rapido e muitas coisas que queremos conquistar as vezes nao consiguimos ou ate mesmo conseguimos,somos muito pressionados por outras pessoas,como o professor mesmo falou a comer,a consumir,a correr e pricipalmente a amar.'
Tem muitas coisas que eu mesma nao estou preparada a enfrentar,as vezes é o medo outra hora é aquele aperto no coraçao,agente pode fazer de tudo um pouco conquistar tudo que sonhamos mais nem sempre estamos prontos para fazer aquilo que conquistamos'..
Adorei o texto professor'

Nathalia almeida Fonseca

Lorrany Pabline disse...

Anderson , após a leitura desse texto pude chegar a diversas conclusões a cerca de não estarmos prontos. Nós seres humanos e imperfeitos estamos sempre vulneráveis a influências, sejam elas da mídia, parentes, amigos, etc. O que os meios de comunicação(TV e redes sociais, especificamente)pregam, fazem referencia a um modelo de vida programado que nos proporciona uma felicidade instantânea. A felicidade é algo individual, onde cada um faz uma busca contínua da sua realização pessoal. Sendo assim, estando propícios a sentir e consequentemente amar. Abraços , Lorrany Pabline.

Anônimo disse...

Esse texto mostra o sensacionalismo da TV onde tudo é perfeito e você está sendo 'pressionado' ao consumo excessivo. Ela só nos mostra o lado bom das coisas em benefício próprio , mesmo que assim façam propagandas enganosas e nos submetem a entender uma lógica de raciocínio em que pra ser feliz tem que COMPRAR. Fala também que toda e qualquer mudança afeta diretamente o homem, ou seja, o homem tem sentimento e que através disso ele sente mais felicidades nas coisas simples do que nas materiais! Renato Paes

Anônimo disse...

O texto mostra aquilo que sentimos e que somos tambem estimulados a compra aquilo que não prescisamos mais para mostrar para outras pessoas.Nos dias de hoje as pessoas não esta pensando num todo mais sim em si mesmo e so ver o AMOR PROPRIO.Numa empresa se o patrão não tiver um bom relacionamento com o funcionario ou os funcionario vão falar mal dele ou quando de uma oportunidade melhor de emprego ele vai deixar a empresa,isso tambem acontece em varias casas onde os pais deixa os filhos em casa para trabalhar o filho naum vai ter uma vida saudavel pois ele vai fikar so naquele mundinho dele e quando os pais então em casa a criança vai querer brincar ou comentar alguma coisa e os pais vão chingar ele e falar que naum tem tempo e se o filho aprnde coisa errada ou ate entra em depressão pos os pais se querem o carinho dele os pais compram e depois de tudo ainda comenta que naum sabe o que esta acontecendo e se o filho entrou nisso se ele tinha tudo o que queria.Acredito que "nós não estamos prontos mais um dia vai mudar.
Brenda de Oliveira 3°H1

Unknown disse...
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Unknown disse...

O consumismo desenfreado que a mídia nos induz a propagar nos fazem marionetes do sistema capitalista. Estamos diante de uma sociedade onde os valores estão invertidos o TER se tornou no lugar do SER.Diante disso precisamos nos policiar diante das ideias fixas impostas pela ''massa'', refletir das informações passadas na televisão,jornais, revistas e redes socias.
YURI DE SOUZA PEDRA 2ºA MANHÃ

Anônimo disse...

ESPETACULAR!

Anônimo disse...

Atualmente vivemos em um mundo muito consumista, onde as pessoas esquecem seus principais valores e se preocupam apenas com os bens materiais. É claro que não podemos negar que todos nós gostamos de ir ao shopping e comprar, porém, temos que ter consciência que tudo isso é passageiro, ou seja, nos satisfaz naquele momento, mas não trás o amor e nem nos ensina a sermos inteiros. A mídia é uma das maiores influenciadoras da nossa sociedade, onde através dela temos que seguir um modelo de vida, de felicidade, e com isso vamos distanciando de tudo e de todos, inclusive de nós mesmos.
É com o processo de formação que a família vai estar preparada para educar e abrir a porta desse mundo capitalista para seus filhos.

Isabella Diniz-CSG

Unknown disse...

Adorei o seu texto! Fantástico esse seu ponto de vista. Serviu de inspiração pra minha matéria do blog.