Pensar a Filosofia no cotidiano. “A filosofia é luta contra o enfeitiçamento de nosso entendimento pelos meios da nossa linguagem”. (Wittgenstein. Investigações Filosóficas, 109)
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A Força da Natureza
terça-feira, 12 de outubro de 2010
O Pacto Social, um "Cálculo"
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O "Caso Neymar" e o Problema da Autoridade
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
A Crença no Hábito
Por Anderson Araújo
Para o filósofo David Hume, o nosso conhecimento do mundo se dá por meio de percepções. Ele as subdivide em impressões e ideias. As primeiras, as impressões, são as percepções atuais que temos das coisas e do mundo, são portanto, fortes e mais vivas. Enquanto as ideias são fracas e menos vivas porque geralmente são cópias das impressões.
Segundo o filósofo esta diferenciação é fácil para nós, pois facilmente distinguimos entre sentir e pensar. O modo como a impressão ocorre na mente é forte, e tem também um efeito peculiar. Uma impressão não é meramente pensada, mas acreditada. A força e a vivacidade significam o modo como aparece a percepção na mente e o efeito que causa à mente.
Exemplificando, posso ir ao museu e ver uma pintura de Picasso. Neste caso, enquanto vejo a pintura, tenho a impressão da pintura; trata-se de uma percepção forte e viva. Mas numa conversa com um amigo, na qual me lembro da minha visita ao museu e lhe descrevo a minha percepção da pintura, trata-se de uma ideia, uma percepção fraca e menos viva.
De acordo com Hume, todo o nosso conhecimento é baseado em nossas experiências. Por isso, ele vai dizer que determinadas conclusões que chegamos sobre o mundo e as coisas não são fundamentadas na razão, mas no hábito. O fato de vermos todos os dias uma relação entre A e B, por exemplo, faz com que toda vez que vemos A, lembremo-nos de B. Além disso, o nosso conhecimento é fundamentado em relações causais, ou melhor, na causalidade; que é a ideia segundo a qual todo efeito deve ter uma causa.
Nossas certezas sobre o futuro devem-se à nossa crença no hábito. Acostumamo-nos a ver que o Sol nasce todos os dias. Logo, concluímos que ele nascerá também amanhã e no futuro. Ou seja, este conhecimento é fundamentado numa crença que obtemos pela regularidade com que as nossas experiências se repetem, produzindo o hábito ou o costume. Desse modo, podemos concluir em breves palavras que para Hume a nossa mente é um feixe de percepções, pois todas as nossas ideias têm origem na impressão sensível; e que não estamos diante de uma conexão necessária na relação entre causa e efeito, mas diante de uma associação baseada na regularidade de eventos que ocorrem na experiência.
Estamos diante de uma explicação bastante plausível do funcionamento da mente humana que nos faz pensar sobre os motivos ou razões pelas quais adotamos determinadas crenças ou opiniões sobre nós mesmos e sobre o mundo. Fundamentamos nosso conhecimento somente na razão ou na experiência? O nosso conhecimento é racional ou é apenas uma crença em regularidades? Descobrir esta explicação da mente humana muda ou compromete o nosso modo de ver o mundo?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
HUME, David. Tratado da Natureza Humana. São Paulo: Ed. Unesp, 2001.
domingo, 29 de agosto de 2010
Orgulho e Narcisismo
Por Anderson Araújo
O filósofo escocês David Hume (1711-1776) defende o orgulho de si como uma paixão positiva. Para Hume, somente quando o “eu” é levado em conta que podemos sentir orgulho. O “eu” é objeto do orgulho, mas não pode ser a sua causa. Causas possíveis do orgulho seriam coragem e justiça, por exemplo; e também, beleza e força. Ele entende que essas causas são naturais ao homem. Então, aquilo que nos move, isto é, as nossas paixões, pertencem à nossa natureza.
O contrário do orgulho para Hume seria a humildade. Toda causa de orgulho nos causa prazer, e o contrário nos causa mal-estar. Para que produza orgulho ou humildade, é necessária uma relação estreita, própria, específica da causa conosco, quer dizer, com a nossa natureza. Assim, só vai sentir orgulho de sua saúde, alguém na velhice, pois na juventude é constante. Sinto orgulho daquilo que me é específico e que é até extraordinário. Simplificando, podemos dizer que o sentimento de orgulho é marcado pelo caráter extaordinário de alguma característica ou talento que possuímos.
Narcisismo e Amor-próprio
Na mitologia grega encontramos a história do jovem Narciso. Um jovem de beleza singular marcado por uma profecia: se um dia visse a si mesmo, morreria. O amor de Narciso por si mesmo é desmesurado. Narciso bastava-se a si mesmo. A sua auto-suficiência o impedia de se relacionar com os outros e justifica sua indiferença em relação às pessoas.
Denominamos então de narcisista a pessoa que só tem olhos para si mesma. O que não deixa de ser uma espécie de egoísmo. Caetano Veloso expressa numa canção o drama de Narciso: "Narciso acha feio o que não é espelho". O amor-próprio pode ser considerado uma forma de cuidado de si e de respeito consigo mesmo. No amor-próprio há equilíbrio no sentimento, o que permite o reconhecimento da alteridade na relação, ou seja, no amor-próprio pode-se falar de coexistência de "belezas", de "pessoas" e não em submissão dos outros à beleza de um indivíduo como a que ocorre no narcisismo.
Ler mais sobre orgulho e outras paixões em:
HUME, David. Tratado da Natureza Humana. São Paulo: Ed. Unesp, 2001.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Autoridade X Autoritarismo
sábado, 14 de agosto de 2010
"Meu Pequeno Atleticano"
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Dúvida
domingo, 1 de agosto de 2010
"Você se sente em casa no mundo?"
Por Anderson Araújo
“- Keegan: O senhor se sente em casa no mundo, então? - Broadbent: Claro. O senhor não? - Keegan: (do fundo de sua interioridade) Não. - Broadbent: (jovialmente) Experimente pílulas fosfóricas. Eu sempre as tomo quando sinto o cérebro cansado. Dar-lhe-ei o endereço na Rua Oxford.” (...). (Cena da peça de Bernard Shaw, John Bull’s Other
O primeiro momento pode ser até marcado por uma admiração, mas ingênua, e é oposto ao encantamento e ao espanto descritos acima, pois é um momento passivo, sem reflexão e sem questionamentos. Uma admiração do homem que não pensa nem a si mesmo e nem o mundo como problema, é a postura do homem adaptado a um mundo pronto e, portanto, seguro. No segundo, quando o homem vive a experiência negativa, quer dizer, o momento de estranhamento, a afirmação dogmática e segura do mundo dá lugar à dúvida e, assim, à insegurança. E aqui reside a possibilidade de se avançar em direção ao filosofar, caso este momento seja superado. A negação teria aqui um valor metodológico, é o caminho, não é o fim.
O terceiro momento do processo dialético que nos leva ao filosofar é o momento de assumir a filosofia como projeto de vida, isto é, o de abandonar as falsas seguranças, mesmo que para tal seja necessário assumir uma “moral provisória” como o fez Descartes. E aqui um detalhe importante que é a provisoriedade. Pois, Nietzsche já dissera que as nossas convicções são as nossas piores inimigas.
Logo, o filosofar é marcado pela provisoriedade, que traz consigo uma certa insegurança, pois o mundo não é e nunca será sempre o mesmo. O mundo se nos apresenta como mistério, assim como nós mesmos o somos. Todavia, o caráter misterioso do mundo e de nós mesmos não impede que a filosofia investigue e questione o mundo e a nós mesmos. Pois, a filosofia problematiza, mas também argumenta, formulando juízos, afirmativos e negativos.
O que posso conhecer? Ora, se aprendo com o processo dialético do filosofar que os fenômenos me são estranhos como o sou para mim, o que me resta poder conhecer? O fato de o mundo se me aparecer estranho não me impede de conhecê-lo e de explorá-lo. Acredito que tal fato apenas nos impede de sermos pretensiosos quanto às nossas afirmações acerca do mundo.
A partir de Descartes, o saber é fundamentado no “cogito, ergo sum”. E para alcançá-lo tem-se um método seguro, que nos permite chegar, portanto, a um conhecimento seguro. Temos aqui uma ideia de conhecimento atrelada à ideia de verdade infalível. Podemos duvidar sobre a existência das coisas, mas não podemos duvidar que estamos pensando sobre a existência das coisas e o duvidar, que é pensar, prova a existência de um ser pensante. O pensamento teria, pois, uma grande importância para o conhecimento.
Nietzsche e outros filósofos questionaram a postura cartesiana acerca do conhecimento. Temos em Descartes uma pretensão absoluta de um conhecimento infalível acerca da realidade. É a ideia de um sujeito que pode ser caricaturizado pela imagem tradicional e popular do cientista, a do “homem de branco e de óculos”, capaz de desnudar a realidade depois de um determinado tempo de pesquisa, pois pode desvendar os segredos dos seus objetos de pesquisa, através da observação e da razão.
Enxergar o mundo e a nós mesmos como objetos seguramente decifráveis, nos levaria a uma visão dogmática e fragmentada da realidade. A minha postura sobre o conhecimento é, em princípio, “nietzschiana”, pois é orientada pela ideia de um saber que se constrói perspectivo. Portanto, há perspectivas porque há limites no meu conhecimento. Não posso conhecer o todo pela parte, e Kant já demarcara que não posso conhecer todas as coisas, pois há limites para a razão.
À questão “o que posso conhecer?”, posso responder como Kant: posso conhecer fenômenos, e como Nietzsche: perspectivamente. Há limites para a razão e para a consciência. A existência de tais limites não deve paralisar a nossa investigação filosófica. Pelo contrário, ela deve nos orientar para uma postura despretensiosa que se perceba limitada e atenta à pretensão de que se pode conhecer a totalidade das coisas ou dos seres. Um conhecimento seguro é, pois, um conhecimento que se perceba limitado e sempre a caminho.
Portanto, a filosofia nos ensina que, primeiramente, devemos ter uma capacidade de estranhar o mundo. Aprendemos também que o estranhamento, a inquietação, podem se manifestar de diversas formas. Resta dizer que a experiência negativa pode ser passiva e ativa. O homem que tão somente “não se sente em casa no mundo”, necessariamente não está filosofando. Ele pode estar mergulhado numa espécie de pessimismo doloroso que o impede de avançar em direção ao filosofar. Podemos nos sentir fora de casa no mundo em diversos momentos, mas eles devem ser superados, sobretudo pela via argumentativa e discursiva, o que seria uma experiência negativa ativa. É verdade que inseridos no processo do filosofar veremos o mundo com outros olhos, mas não significa que estaremos protegidos de assumirmos outros olhares dogmáticos em nossa vida.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
O Problema da Justiça
Por Anderson Araújo
O diálogo sobre a justiça acontece entre Céfalo (um ancião), Polemarco (seu filho) e um dos filósofos mais importantes para o desenvolvimento da filosofia: Sócrates. No decorrer do diálogo chegam outros personagens, mas refletiremos apenas sobre o trecho inicial do livro I de A República de Platão.
Sócrates é convidado para ir à casa de Céfalo. Todos gostavam muito de conversar com o filósofo. Pois, ele utilizava um método interessante para ensinar. O método é a Dialética. O que é isso, dialética? Examinemos o diálogo para compreendermos esse termo e o problema da justiça.
Céfalo afirma que a Justiça consiste em falar a verdade e devolver ao outro o que lhe pertence. Sócrates aponta um problema na definição de Céfalo sobre a justiça. Qual é o problema? Sócrates exemplifica: Imaginemos que José receba uma arma do seu amigo (Luiz) para guardar. Certo dia, Luiz bate à porta da casa de José e lhe pede a arma que anteriormente pedira que guardasse. No entanto, José percebe que Luiz está um pouco alterado, provavelmente, com perturbações mentais, pensou José. O Luiz deve ter batido a cabeça em algum lugar ou deve ter tomado alguma bebida muito forte. (Estes nomes, Luiz e José não fazem parte do texto original). Sócrates se utiliza desse exemplo a fim de mostrar para o seu interlocutor, Céfalo, que, se a Justiça consistir em falar sempre a verdade e dar a cada um o que lhe pertence, seria então justo que o José entregasse a arma ao Luiz nessas condições. Mas ninguém concordaria em dar a arma para uma pessoa perturbada.
Céfalo diz que de fato errou em sua definição de Justiça. Pois, a Justiça consiste em falar a verdade e devolver a cada um o que lhe pertence, mas de acordo com as circunstâncias, ou seja, só se pode falar a verdade e entregar a alguém o que lhe pertence se este não estiver perturbado das ideias. Céfalo sai de cena e deixa o seu filho Polemarco conversando com Sócrates. É certo que não desejamos o mal aos nossos amigos, mas, e no caso de nossos inimigos, pergunta Sócrates a Polemarco, teremos que lhes devolver o que lhes devemos?
Polemarco responde que sim. Porque uma pessoa só deve ao seu inimigo o mal. Sócrates percebe também um problema na fala de Polemarco e lhe pergunta: “O que deve fazer um médico?” Polemarco responde: “dar remédios para os doentes”. Sócrates pergunta a Polemarco: “A Justiça consiste em fazer bem aos amigos e mal aos inimigos?” Polemarco responde que sim.
Sócrates lembra que a medicina não foi criada para fazer o mal ao doente, pelo contrário, o médico só deve fazer o bem. Com isso, Sócrates está empregando o seu método que é a Dialética. É uma espécie de jogo que acontece na maioria dos diálogos Socráticos. Neste diálogo, sobre a Justiça, Sócrates percebe que Céfalo e Polemarco dão falsas definições de Justiça. Pois, tanto Céfalo quanto Polemarco não apresentam uma definição universal de Justiça. Eles apresentam definições particulares. As definições que interessam ao filósofo são as definições universais, quer dizer, aquelas que podem ser usadas em todas as situações. Neste caso, a definição de Justiça, assim como a definição de medicina exige uma aplicação imparcial, logo, o "homem mau" merece cuidados médicos e tem direito de ser assistido pela Justiça.
Para Sócrates, a definição de Justiça deve servir para todos os casos. As definições não podem se contradizer. Sócrates nos ensina com a filosofia que não podemos dizer que algo é bom e mau ao mesmo tempo. A definição de Justiça deve ser útil e boa para todos os casos. A Dialética, este método que a filosofia sempre usou, nos ensina a usar os conceitos de uma forma clara e precisa, para que todos compreendam e não sejam enganados por argumentos falsos.
Sócrates, ao empregar a Dialética, dizia que fazia um trabalho de parteira. Pois, para ele, todas as pessoas estão “grávidas”, grávidas de ideias. E para fazê-las nascerem é necessário o trabalho de um filósofo. Esse método dialético é chamado de maiêutica, que é fazer o outro descobrir por si mesmo a verdade que parecia desconhecer. É a arte de fazer o outro “dar à luz às suas idéias”.
Referência Bibliográfica
PLATÃO. A República. Livro I. Tradução Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2000.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Educação, uma Emancipação do Olhar
Por Anderson Araújo
O filósofo Platão nos apresenta em seu livro República, a Imagem da Caverna, mais conhecida como Mito da Caverna. Na Imagem da Caverna, temos uma situação onde se encontram homens presos por correntes, desde crianças, no interior de uma caverna. Eles estão presos de tal modo que não podem mover o pescoço, logo, são obrigados a olhar para frente eternamente. E o que eles vêem, eternamente? Sombras de objetos projetadas por um fogo na parede da caverna. Acontece que um deles é libertado e tem a oportunidade de olhar o mundo a partir de um outro lugar, a saber, fora da caverna. Um prisioneiro é solto e pode conhecer os objetos que eram projetados pelo fogo na parede da caverna, e ele pode ainda mais, sair da caverna e ver o sol.
Ora, o mesmo se passa conosco, afirma Sócrates, a respeito da nossa condição humana. Dizemos condição humana, porque somos homens que vivemos no mundo, e, porque vivemos no mundo, relacionamo-nos com homens no mundo. E, imersos em relacionamentos humanos, no mundo, somos sujeitos a diversas posições a respeito de nós mesmos e do mundo. E essas posições nem sempre são fruto de reflexões, ou de imagens críticas de nós mesmos e do mundo. Muitas vezes, são imagens distorcidas, tomadas como “a verdade”, “o sentido”, “o real”, caracterizadas por serem eleitas na ausência de reflexão.
Assim, não cabe à educação propor a visão de uma verdade ou do real, mas condições de possibilidades que nos permitem ser facilitadores da visão dos diversos sentidos de mundo, diria o educador Paulo Freire. Platão e a Imagem da Caverna nos orientam nesta posição. Pois, estamos falando de uma educação do olhar. Na língua grega há diversos modos do verbo “ver” que se ligam a modos de conhecimento. Assim, o verbo “ver” é utilizado muitas vezes pelos gregos para se referirem às muitas formas de conhecimento.
Retornemos, pois, à caverna. Os prisioneiros eram obrigados a ver sempre as mesmas coisas, tinham o olhar orientado para uma única direção. Eles poderiam refletir sobre o que viam? Sim. No entanto, somente sobre o que lhes era apresentado. Não podiam caminhar e buscar uma outra imagem, não tinham um olhar emancipado. Podiam, talvez, fechar os olhos. A liberdade dos prisioneiros se resumiria, talvez, nesta possibilidade de fechar os olhos. Mas, também, nem não sabiam ou nem quereriam, uma vez que não tinham outras possibilidades de “passar o tempo” e de se divertirem.
Mas, um dos prisioneiros tem a oportunidade de ver “mais”, de conhecer melhor o mundo. E, aqui, apontamos para uma condição de possibilidade de uma educação que emancipa o olhar. É uma educação que oportuniza meios, ou momentos, para que o educando ou o aluno, possa ver “mais”. Não é a idéia de ver muito mais, como adição na matemática. Mas, que oportuniza pelo menos mais de uma visão acerca de si mesmo e acerca do mundo.
A educação assumiria, então, as posições de mãe ou de pai, porque usamos o termo emancipação. No entanto, ela é um pai-mãe “ideal”. É o que o professor, o facilitador ou o educador faz com o seu aluno. A educação seria justamente o contrário de um paternalismo. Ela deve emancipar o olhar do aluno. E o desafio para o professor “facilitador” é o de mostrar para o aluno que ele é sujeito, portanto, homem dotado de uma capacidade reflexiva que o permite conhecer sentidos do mundo, e que o torna capaz de escolher ou não, alguns sentidos do mundo. Educação seria, talvez, mostrar, sutilmente, a possibilidade de uma vida sem os pais, logo, a tarefa do educador é, neste sentido, emancipar o olhar do aluno.
Assim, pensamos que a educação teria, de um lado, o privilégio de poder corrigir o olhar das pessoas. E, por outro lado, o professor teria que ser um polýtropon, palavra grega que significa “aquele que se vira de muitos modos”. O professor teria que, primeiramente, estar, não emancipado, mas no processo de emancipação do olhar. Pois, sabemos que o conhecimento se dá num processo, e não podemos, se estivermos numa atitude reflexiva e, portanto, filosófica, apontar para uma posição totalmente emancipada, segura de si, dogmática.
O professor teria que, então, antes de cuidar para que aconteça a emancipação dos outros, estar, ele mesmo, no processo emancipatório. Ele deve cuidar-se de si, ocupar-se de si. Só então ele poderá ocupar-se dos outros. Assim, a educação assume também um caráter terapêutico, mas despretensioso. Porque não podemos pensar na relação professor-aluno como uma relação de mestre e discípulo, mas numa relação que é construída entre sujeitos. Enquanto possibilito que o outro veja outros sentidos de mundo, também conheço, através dele, outros sentidos de mundo, e, juntos, construímos outros sentidos de mundo.
Assim, uma educação que liberta, e que por isso mesmo é humana, é aquela que se preocupa com o olhar das pessoas. E, para que ela ocorra, faz-se necessário que o professor seja um polýtropon despretensioso, que ele não tenha a intenção de agradar ou de “bajular” o olhar do aluno, mas que se vire de muitos modos para libertar o olhar do aluno de uma única imagem, ou melhor, que ele aponte pelo menos possibilidades que permitam ao aluno escolher se deseja se libertar ou não, de uma imagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORNHEIM, Gerd. Introdução ao Filosofar. Porto Alegre: Globo, 1978. p.47-80.
PLATÃO, A República. Trad. Carlos Alberto Nunes. 3ª ed. Belém: EDUFPA, 2000. p.319-357.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
Alienação e Mediocridade
Por Anderson Araújo
Considerando-se que as ideologias são doutrinas de ideias; podem ser utilizadas com o sentido de educar, sensibilizar, formar, convencer e até mesmo de manipular o ser humano. Pode-se identificar cada sentido dependendo da pessoa que faz uso da ideologia e do contexto no qual é utilizada.
Desse modo, as músicas transmitem ideologias, intencionalmente ou não, mas transmitem. Assim como as propagandas, as religiões e os discursos políticos. As propagandas tentam convencer as pessoas a comprarem seus produtos. Para isso, associam imagens de beleza, saúde e bem-estar ao produto que desejam vender. Um político sempre transmite uma ideologia. Mas o que precisamos identificar é se ele a transmite em um sentido positivo ou negativo. Ou seja, se o objetivo é auxiliar as pessoas, libertar as pessoas das condições miseráveis e sub-humanas nas quais vivem, a ideologia é positiva. E se o objetivo for simplesmente ganhar votos, apoio e auto beneficiar-se, estamos diante de uma ideologia no sentido negativo.
Em geral, o que a ideologia em seu sentido negativo faz é alienar as pessoas. As pessoas tornam-se alienadas, quer dizer, desconhecem os reais motivos pelos quais agem, consomem compulsivamente e escolhem determinados políticos. Neste caso, ainda há muitas pessoas que escolhem um representante porque corresponde a um padrão de beleza ou porque está ligado a um time de futebol, por exemplo. Claro que nada impede que um jogador de futebol tenha características consideradas importantes para um representante do povo. Mas, normalmente, as pessoas desconhecem seus projetos.
Pessoas alienadas geralmente são medíocres. Por quê? Porque agem iguais a todo mundo. Compram as mesmas roupas de marcas famosas, não suportam não TER o celular que o seu grupo de convivência possui, nem o fato de andar com um carro usado. Alienação e mediocridade andam de mãos dadas. Isso porque falta opinião própria, estudo, estilo e perfil à pessoa alienada. Formar-se é algo difícil, porque exige esforço, cultivo de si (cultura), assim como toda virtude. A virtude não é apenas um bom hábito, mas é um comportamento marcado pela originalidade e motivações próprias para conhecer-se e conhecer o mundo e as coisas; talvez para se enganar menos e ser menos enganado, menos alienado portanto, e mais autêntico.
É triste e cansativo ver e ouvir as pessoas repetirem chavões de programas de humor ou de novelas – fica todo mundo igual. Mas é encantador ser surpreendido por questões diferentes e problematizadoras sobre o mundo. A autenticidade exige também moderação, equilíbrio, mas não a “média”, ou seja, não é ser “mais ou menos”. Posicionar-se contra a mediocridade e possuir um perfil original é desafiador. Porque para isso deve-se ser diferente, mas também respeitar as diferenças; e conviver harmonicamente com a sociedade, mas sem perder-se, sem ser comum.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Virtudes e o Mito do Sucesso do Mau Aluno
Por Anderson Araújo
O filósofo Aristóteles nos ensina que a virtude, assim como os vícios, são hábitos, coisas que fazemos com frequência. Quando os hábitos são bons, temos a virtude. O contrário, hábitos ruins, produzem vícios. Além disso, é importante notar que toda virtude é sempre um equilíbrio entre o excesso e a falta.
Exemplificando, podemos imaginar a vida de uma pessoa quanto à prática de atividade física. Aquela pessoa que treina diariamente um esporte, ou que pratica uma caminhada diária de 1h, pode ser considerada virtuosa. A prática deve ser regular para ser classificada como virtude, mas não pode ser executada em excesso.
Um jovem é virtuoso quando se dedica quatro horas diárias ao estudo e, além disso, faz atividade física, conversa com os amigos e convive com a família. No entanto, se o jovem passa a se dedicar 10 horas diárias ao estudo e, com isso, deixa de se relacionar com os amigos e com a família, e não faz atividade física, fica claro que ele está se excedendo em sua ação, logo, estudar neste caso não deve ser considerada uma virtude.
Toda virtude é sempre um equilíbrio e também esforço. Poucas pessoas têm talentos naturais para fazer determinadas coisas. Os atletas só se realizam e alcançam medalhas devido ao tempo que se dedicam aos treinos. E mesmo quando alcançam pódios, continuam a treinar. Porque sabem que sem o treino, sem o esforço, não alcançarão a vitória.
Existe o mito do sucesso do mau aluno, tema já apresentado pelo consultor de carreiras Max Geringer no seu programa diário na rádio CBN. As pessoas divulgam a ideia de que mesmo o mau aluno pode ter sucesso na sua carreira. O que é verdade, embora não se fale que ele terá mais dificuldade do que o bom aluno.
Quem é o mau aluno? É aquele que não tem compromisso, que não respeita nem os pais, nem os professores (autoridades). Além de ter dificuldade para cumprir compromissos, como chegar no horário, o mau aluno enfrentará dificuldades de se relacionar com os seus superiores (chefes, gerentes), pois não estava habituado a ver os pais e professores como autoridades.
Se toda virtude é sempre um esforço, aquele que se esforça terá mais facilidade de se adaptar a regras e horários, e portanto, de se relacionar melhor no seu ambiente de estudo e de trabalho.
No próximo texto vou refletir sobre virtude e mediocridade.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
"Tenho, logo existo?"
Por Anderson Araújo
Vivemos numa sociedade marcada pela técnica de produção, em que o mais importante é produzir e fabricar muito, pois é uma sociedade consumista. Não há o espaço para a contemplação e para o pensar, já que o indivíduo é treinado para produzir. Basta que siga modelos e fórmulas para realizar o seu trabalho.
Se o objetivo é, além de produzir, fazer com que os outros consumam, estamos numa sociedade que coloca o “ter” no lugar do “ser”. Esta sociedade privilegia a obtenção de coisas, roupas, celulares e carros de última geração para alcançar uma sensação de realização e de status. É a lógica que diz “tenho, logo existo”. Os meios de comunicação divulgam a ideia de que o indivíduo que existe é aquele que “se permite fazer compras”.
Nessa sociedade, imediatista, que exige soluções rápidas para os seus problemas, a filosofia é vista com preconceitos, se o importante é ter, não há espaço para refletir sobre as ações humanas. Os problemas de falta de sentido, carência afetiva, e de falta de autoconhecimento são solucionados com uma ida ao shopping, ou com o uso de bebidas alcoólicas.
A contemplação pode ser considerada como o primeiro passo para a investigação filosófica. Pois através da contemplação que o homem percebe que o mundo e as coisas não são como ele pensa que são. Ao contemplar o mundo, o habitual e o comum se tornam estranhos para o homem. E ao estranhar o mundo, o homem começa a fazer perguntas e questionamentos sobre o mundo.
Sem a contemplação, o homem não pode perceber o quanto existem coisas, lugares e ideias que possam ser investigadas. A contemplação produz dúvidas e questões naquele que contempla, o que é positivo para a investigação filosófica.
Essa prática não é muito empregada em nossa sociedade, porque as pessoas têm pressa para obter coisas e conhecer as coisas. A leitura de livros é substituída pela TV e por games, os passeios e caminhadas em parques e praças que propiciam o espaço para contemplação são substituídos por passeios
Dessa maneira fica mais evidente a necessidade da filosofia e o seu valor. Aquele que a estuda pode perceber que não se trata de um passatempo, mas de conhecimento das possibilidades para alargar a sua mente e para torná-lo menos vulnerável à sociedade de consumo. A filosofia destaca a importância de “ser”, o que só é possível através do conhecimento de si mesmo e do mundo (contemplação).
Portanto, a filosofia sempre terá o seu valor. Talvez faltem oportunidades para que as pessoas conheçam melhor a filosofia. Mas os meios de comunicação não dão este espaço, pois as pessoas, ao ampliarem a sua visão de mundo através da filosofia, compreenderiam que não é importante consumir para “ser” alguém.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Os Cinco Sentidos e o nosso Conhecimento do Mundo
terça-feira, 8 de junho de 2010
A sua Filosofia e a Filosofia do seu time
No último domingo, 06/06, O Atlético-MG perdeu pela primeira vez para o Ceará
É comum entre os filósofos certo medo de se posicionar diante do que seja “Filosofia”. Algumas vezes isso representa, positivamente, rigor e cuidado com a tradição filosófica, ou, negativamente, uma forma de se evitar o debate.
Voltando à fala do respeitado e admirado treinador Vanderlei Luxemburgo, quero me posicionar acerca do que pode significar a expressão “filosofia do grupo” ou “minha filosofia de vida”.
Contextualizando, após a 7ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG, ao perder para o Ceará, permaneceu entre os quatro últimos times do campeonato. É cedo para se falar em rebaixamento, mas isso não deixa de preocupar o torcedor. Da torcida pude perceber que a atuação dos jogadores do atlético realmente nos incomoda. Ouvi diversas vezes alguém dizer “está pior do que eu imaginava”. (Não vou ao estádio para vaiar o meu time, não faz parte da “minha filosofia de vida”). A torcida vaiou e protestou.
Ao final da partida, em sua entrevista aos jornalistas, Vanderlei Luxemburgo utilizou a palavra “filosofia” três vezes durante quase dez minutos de entrevista sobre a atuação da equipe. Ressaltou que o clube paga os salários em dia e tem o melhor centro de treinamento do Brasil, declarou ainda que quer mudar o PERFIL dos jogadores. Disse também que não é “sem vergonha”, porque trabalha muito e que “está com vergonha momentaneamente porque o resultado é ruim”.
O Luxemburgo disse, dentre outras coisas, que quer jogadores comprometidos com o grupo, com a “filosofia do grupo”. Para ele, o elenco que atuou contra o Ceará não teve comprometimento com a “filosofia do grupo”.
Entendo que Filosofia, e sobretudo no sentido citado pelo Vanderlei, é uma atitude diante da vida, dos acontecimentos, enfim, diante do conhecimento. Atitude! Qual é a atitude que os jogadores devem ter para jogar no galo? Comprometimento; trabalho, capacidade de reação; memória da grandeza do clube e, vergonha das más atuações! Além disso, com o intuito de definir a "filosofia do galo", deve-se pensar no perfil do vitorioso Vanderlei Luxemburgo, que pode ser sintetizado pela frase que ele não se cansa de repetir: “Com medo de perder, você perde a vontade de ganhar”. Portanto, jogadores do atlético não podem ter medo de perder, mas muita vontade de ganhar.
Neste sentido, cada pessoa ou time possui uma filosofia, quer dizer, uma atitude diante da vida, do conhecimento e dos acontecimentos. A sua “filosofia de vida” ou a “filosofia do seu grupo” revela o seu perfil ou o perfil do seu grupo; em outras palavras, revelam as suas crenças e seus conhecimentos que podem fazer do seu time um perdedor ou ganhador.
Confira a entrevista do técnico Vanderlei Luxemburgo em www.tvgalo.com.br
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Mudar dói, não mudar dói muito
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Encantamento, Espanto e Admiração
terça-feira, 25 de maio de 2010
Na Natureza Selvagem
sábado, 22 de maio de 2010
O Drama Humano da Liberdade
quarta-feira, 19 de maio de 2010
O Tio Zé e a Filosofia
domingo, 16 de maio de 2010
Sentimento
terça-feira, 11 de maio de 2010
A Consciência Ética em Gandhi e o Método da Não-violência
Por Anderson Araújo
A história nos revela exemplos de homens que lutaram pela paz no mundo e pela liberdade humana. Gandhi se destaca na história por seu amor e dedicação à vida, por seu cuidado com todas as coisas que existem no mundo. Podemos dizer que Gandhi possuía uma consciência ética.
Gandhi, em princípio, lutou pela independência da Índia. É o que podemos falar, resumidamente, da vida deste homem. Porém, ao lutar pela independência da Índia, Gandhi o fez também pela independência do homem inglês que explorava a Índia, pela independência do homem europeu, enfim, pela independência do ser humano!
Mas, Gandhi também teria lutado pela independência dos exploradores da Índia, isto é, pelos ingleses? Conhecemos a história e sabemos que Gandhi lutara tão somente pela independência da Índia. Mas, o método, isto é, o caminho que ele utilizou para lutar pela independência do seu país é marcado por uma preocupação não só com o seu povo, os indianos, mas com o ser humano. O objetivo de Gandhi nesta luta foi a liberdade e a paz para o ser humano, e não apenas para o seu povo.
O caminho utilizado por Gandhi: a não-violência. Não-violência não significa passividade, ou resignação, mas uma luta mais ativa que a luta armada. Porque só homens disciplinados, de bons hábitos, conhecedores de si mesmos e dos seus ideais e, portanto, da sua causa, podem utilizar o método da não-violência. Gandhi sabia que uma boa ação, realizada uma única vez não faria diferença na vida do seu povo. É preciso ser bom sempre, respeitar todos os dias a natureza e a vida; mostrar-se indignado todos os dias com a mentira e o egoísmo e, certamente o mais importante: é preciso dialogar sempre!
Gandhi ensinou a virtude para o mundo inteiro, ensinou-nos como podemos ser livres e como podemos cuidar da morada humana, isto é, como podemos ser éticos. Porque o mundo, que é a morada comum a todos os homens, não depende apenas do gesto de uma pessoa para que ele continue habitável, mas do esforço de todos os seres humanos, de gestos simples; jogar uma casca de banana na lixeira, dizer um bom dia ao outro e pedir perdão aos nossos pais, aos nossos filhos, e aos nossos amigos.
Há um provérbio que diz: Não é a chuva forte que nos dá uma boa colheita, mas aquela chuva que cai mansinha todos os dias sobre os nossos campos. É urgente que sigamos o exemplo de Gandhi, pois só teremos uma boa colheita, ou seja, só colheremos a paz e a liberdade se regarmos todos os dias as nossas vidas com diálogo e boas ações.
O filósofo Michael Foucault diz que não existe o poder. Mas, relações de poder. Porque o poder circula entre as pessoas. E é o que caracteriza a liberdade. Assim, por exemplo, num diálogo, quando escutamos, silenciosamente, o que o outro fala, damos ao outro o poder de falar.
Hannah Arendt, também filósofa, nos ensina que, se o poder foi tomado por uma pessoa, não há poder, mas violência. Porque o poder não pode ser tomado, mas dado. Assim, quando elegemos um representante, damos à outra pessoa o poder de nos representar. Arendt escreve: “A forma extrema de poder é o todos contra um. A forma extrema da violência é o um contra todos (...) A violência de um contra todos nunca é possível sem armas. A violência distingue-se por seu caráter instrumental”.(Hannah Arendt, Sobre a Violência).
Assim, aprendemos com os filósofos que, quando agimos com violência verbal ou física, estamos distanciando-nos do poder, e afastando-nos do que nos faz humanos; da capacidade de nos expressarmos através do diálogo. Gandhi também nos ensina isso, mas vai além. Mahatma Gandhi, “grande alma”, como foi chamado, nos ensina que um ato violento é injustificável, e que um bom soldado é um homem virtuoso que se cultiva com bons hábitos e pratica boas ações.
“Considero-me um soldado, mas um soldado da paz”. (Gandhi)
HISTÓRIA
Para quem tiver interesse em conhecer melhor a vida de Gandhi:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi
quinta-feira, 6 de maio de 2010
O Que é o Tempo?
Por Anderson Araújo
Santo Agostinho, um filósofo cristão, elabora um pensamento divertido e interessante sobre o TEMPO. Primeiramente, Agostinho se faz a seguinte pergunta: “O que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?” Através dessa pergunta o filósofo chegou a soluções geniais, que se tornaram muito famosas.
Antes de Deus criar o céu e a terra não havia tempo e, portanto, não se pode falar de um “antes” antes da criação do tempo. O tempo é criação de Deus e, por isso, a pergunta proposta não tem sentido. Mas, vamos insistir com Agostinho, então, o que é o tempo?
O tempo implica passado, presente e futuro. Mas o passado não é mais e o futuro não é ainda. E o presente, diz Agostinho, “se fosse sempre e não transcorresse para o passado, não seria mais tempo, mas eternidade”.
Para Agostinho, o tempo existe na mente do homem, porque é na mente do homem que se mantém presentes tanto o passado como o presente e o futuro. E de qualquer forma, é na nossa mente que se encontram esses três tempos, que não são vistos em outra parte: o presente do passado, que é a memória; o presente do presente, isto é, a intuição; o presente do futuro, ou seja, a espera.
Os sábios e os filósofos nos ensinam que a qualidade de vida depende da nossa capacidade de aproveitar o tempo. Ou seja, vive melhor quem sabe aproveitar o seu tempo.
Os antigos diziam uma frase em latim muito interessante sobre isso: “Carpe diem”, que significa: “Aproveite o seu dia”, “Aproveite o seu tempo”. Mas aproveitar o tempo, ou aproveitar o dia, é fazer sempre o que gostamos? Parece-me que aproveitar o tempo é fazer o que é necessário fazer em cada momento. Pois, a pessoa que deixa tudo para a última hora sofre tentando manipular o tempo. Logo, não vive bem. Carpe diem!